A força e a importância do autoconhecimento
A autoconsciência pode ser considerada a percepção das nossas emoções. Trata-se da compreensão de nossos sentimentos no momento exato em que eles ocorrem. Mas isso de um modo neutro, ou seja, sem se deixar levar.
À primeira vista, pode parecer que nossos sentimentos são óbvios. No entanto, experimente fazer uma reflexão mais demorada. Isso nos lembra das vezes em que fomos indiferentes ao que de fato sentimos, ou quando nos demos conta desses sentimentos tarde demais.
Podemos interpretar a autoconsciência de outra maneira. Ela é a diferença entre sentir um ódio assassino contra alguém e ter o pensamento autorreflexivo: “o que estou sentindo é raiva”. E isso mesmo quando se está furioso.
Esta sutil mudança de atividade mental provavelmente avisa áreas do cérebro que monitoram as emoções. Esse é o primeiro passo para adquirir algum controle. As pessoas adotam estilos para lidar com suas emoções.
Muitas delas são autoconscientes, ou seja, têm uma vigilância que as ajuda a administrar as emoções. No entanto, existem pessoas mergulhadas, que muitas vezes ficam imersas nos próprios sentimentos e incapazes de fugir deles.
Por fim, existem indivíduos que assumem um comportamento resignado. Esses, embora muitas vezes vejam com clareza o que estão fazendo, também tendem a aceitar seus estados de espírito. Portanto, não tentam mudá-los.
A autoconsciência também é importante porque muitas decisões relevantes em nossas vidas não podem ser tomadas apenas por meio do uso da razão. Elas exigem intuição e a sabedoria emocional que acumulamos de experiências passadas.
Não há dúvida que manter o autocontrole é uma grande virtude. O objetivo é o equilíbrio e não a supressão das emoções, pois cada sentimento tem valor e significado. Quando emoções são sufocadas, geram insensibilidade e frieza.
Manter sob controle sentimentos que nos afligem é fundamental para o bem-estar. Avalie como você pratica a autoconsciência e o controle dos seus sentimentos. Relembre bons e maus momentos da sua relação com suas emoções.
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As chamas da raiva
Dentre as emoções que as pessoas querem se ver livres, a raiva é a mais rigorosa e a mais difícil de controlar. Na verdade, ela é a mais sedutora das emoções negativas. Com raiva, nossa mente é inundada de argumentos convincentes para dar razão ao sentimento.
Porém, a cadeia de pensamentos que alimenta a raiva, potencialmente, é também a chave para desarmá-la e minar as convicções que a abastecem. Quanto mais ruminamos, mais justificativas podemos inventar para ficarmos irados.
Isso alimenta a raiva. Ver as coisas de forma diferente as extingue. Reavaliar uma situação é uma forma de aplacar a raiva. O disparador da raiva é a sensação de estar em perigo. Seja ele uma ameaça física direta ou uma ameaça simbólica à autoestima ou à dignidade.
Tais gatilhos disparam no cérebro emocional duas reações. Existe a imediata, do tipo “lutar ou fugir”. Mas existe também uma onda que pode durar horas ou até dias e que mantém o cérebro emocional em prontidão.
Por isso, somos propensos à raiva quando já fomos irritados por outra coisa. Assim, se você teve um dia difícil no trabalho fica mais predisposto a ter um acesso de fúria em casa, com as crianças fazendo bagunça. Algo que não te tiraria do sério em outras circunstâncias.
Para intervir na raiva é preciso contestar as ideias que a dispararam. Quanto mais cedo a intervenção, mais efetiva. Como um extintor que dissipa as chamas antes que se alastrem. No entanto, há um momento exato para isso.
A técnica funciona bem em níveis moderados de raiva. Em níveis altos, não faz diferença, pois a pessoa não consegue pensar direito. Outro método é esperar que o surto emocional passe em um ambiente que não o alimente.
Em uma discussão, por exemplo, significa afastar-se, naquele exato momento, da outra pessoa. Nesse período, a pessoa irada pode frear o ciclo de crescimento do pensamento hostil, buscando distrações.
Diante de tudo o que vimos até aqui, reflita: como você se comporta quando fica com raiva? O que costuma te deixar furioso e como você poderia adotar uma estratégia para não ficar irado com isso? Exercitar tais pensamentos é importante para o autoconhecimento.
O estado ansioso
Avalie o sentimento de ansiedade, cujo núcleo é a preocupação. Num certo sentido, a preocupação antecipa a ocorrência de um fato desagradável e como lidar com isso. O papel dela é projetar soluções positivas para os perigos da vida, prevendo-os antes que surjam.
O problema são as preocupações crônicas, que se repetem e nunca se aproximam de uma solução. Quando um ciclo de preocupação se intensifica e persiste, transforma-se em perturbações: fobias, obsessões, compulsões e ataques de pânico.
Segundo estudos, preocupados crônicos ficam ruminando pensamentos num interminável ciclo de angústia. Como envolvem a amígdala cortical, que rege as emoções no cérebro, as preocupações crônicas aparecem sem serem chamadas e persistem assim que surgem.
A preocupação moderada pode ser controlada. O primeiro passo é identificar indícios de ansiedade e os pensamentos que geram preocupação. Depois, é preciso treinar métodos de relaxamento para aplicá-los no momento em que se percebe o início da preocupação.
Ao praticar, a pessoa poderá usá-los na hora que mais precisar. Mas é comprovado que só relaxamento não basta. O preocupado também deve assumir uma posição crítica. “Será que esta preocupação pode se materializar?” “Há medidas construtivas a tomar?”
Combinar atenção e ceticismo saudável atua como uma espécie de freio nesses casos e é algo que deve ser levado em conta. No entanto, pessoas com preocupações severas devem ser prudentes e recorrer à medicação para interromper o ciclo.
Vamos fazer mais algumas reflexões sobre o que vimos até aqui. Pense no que te causa preocupação e como você costuma lidar com isso? Pense também em táticas para mudar sua relação com a ansiedade que possam ser usadas no futuro.
Mente deprimida
Um dos estados de espírito do qual as pessoas mais se esforçam para se livrar é a tristeza. O luto é considerado algo útil, por nos fazer meditar sobre a perda e realizar ajustes psicológicos e novos planos. Já a depressão total é terrível.
Nessa condição, a vida é paralisada e nenhum recomeço pode ser visualizado. Medicação e psicoterapia são as armas para combatê-la. A tristeza comum, porém, pode ser controlada. Uma tática é ter vida social.
Fazer algo com a família ou os amigos evita que a pessoa fique sozinha. Estar sem companhia é algo que pode acrescentar à tristeza uma sensação de solidão e isolamento e, assim, agravar o quadro. Há duas estratégias eficazes no combate da tristeza.
Uma delas é aprender a contestar os pensamentos centrais da ruminação, questionando sua validade e pensando em alternativas positivas. A outra é programar acontecimentos agradáveis, que distraiam a mente de alguma maneira.
Como as ideias depressivas são automáticas, invadem a mente sem serem convidadas, desse modo a distração funciona. A escolha é importante, já que estudos comprovaram que deprimidos tendem a escolher atividades melancólicas ao tentar se distraírem.
Um romance trágico ou um filme dramático são exemplos. E o baixo astral persiste. Distrações podem romper a cadeia de pensamentos que mantém a tristeza. As mais eficazes são as que mudam o estado de espírito.
Um acontecimento esportivo emocionante, um filme cômico ou um livro estimulante. Outras, porém, podem perpetuar a depressão. Estudos com pessoas que veem muita TV constataram que, após passarem muito tempo diante da tela, tornam-se mais deprimidas.
Já o exercício aeróbico é uma tática eficaz para interromper a depressão leve, uma vez que estimula o corpo. Eficiente contra a ansiedade, o relaxamento pode não funcionar muito bem para a depressão, pois colocam o corpo em estado de baixa estimulação.
Outro antídoto para a melancolia é ver as coisas de uma maneira diferente. Por exemplo, é natural lamentar o fim de um relacionamento. Mas, ficar remoendo isso pode causar angústia. Em vez disso, a pessoa pode procurar avaliar aquela relação.
E, a partir disso, ver aspectos que demonstram que ela não era tão sensacional assim, como, por exemplo, as coisas em que os dois não combinavam. Assim, ao ver a perda de um modo diferente, ela pode se imunizar contra a tristeza.
Sobre as últimas informações que vimos, avalie: quando e por que você costuma ficar triste? Estabeleça uma estratégia para lidar com a melancolia e não permitir que pensamentos depressivos venham a te afetar. Exercite mais um pouco o autoconhecimento.
O papel da motivação positiva
Imagine por um momento que você está paralisado diante de um importante teste, para o qual não se preparou adequadamente. A folha a sua frente traz uma série de perguntas, mas você não tem a mínima ideia do que escrever nela.
Caso se concentrasse, talvez você pudesse usar a criatividade e esboçar algum tipo de resposta, mas sua mente parece congelada. No final, você apenas aguarda que o tempo passe para que o sofrimento, enfim, acabe. A prova é entregue em branco.
O terror vivido em uma situação como essa demonstra o impacto devastador da perturbação emocional sobre a clareza mental. Em casos assim, a razão é dominada pelos sentimentos. Isso não é novidade para os professores.
Alunos ansiosos, mal-humorados ou deprimidos não aprendem. Quando há emoção é impossível absorver informações ou as elaborar devidamente. Sentimentos negativos fortes desviam a atenção para suas próprias preocupações e interferem na concentração.
Como intrusos, eles esmagam outros pensamentos e sabotam as tentativas de darmos atenção às tarefas que devemos cumprir. Por outro lado, vamos pensar no papel da motivação positiva, a reunião de entusiasmo e confiança na conquista de um objetivo.
Isso pode ser observado em atletas olímpicos, músicos de fama mundial e grandes mestres de xadrez. Eles têm em comum a capacidade de motivarem-se para seguirem implacáveis rotinas de treino. A obstinação depende de características emocionais.
Também está ligada ao ímpeto e à persistência diante dos reveses, acima de tudo. Nossas emoções podem atrapalhar ou aumentar os pensamentos, a eficácia em fazer planos, o treinamento ou a competência para solucionar problemas.
À medida que fazem isso, os sentimentos definem os limites de nosso poder de usar as capacidades mentais. E assim determinam como nos saímos na vida. Se somos motivados por sentimentos de entusiasmo e prazer no que fazemos, as emoções nos levam ao êxito.
É nesse sentido que a inteligência emocional é uma aptidão mestra, uma capacidade que afeta profundamente todas as outras, facilitando ou interferindo nelas. Talvez não haja aptidão psicológica mais fundamental do que ser capaz de resistir a um impulso.
Trata-se da raiz do autocontrole emocional, pois todas as emoções levam ao impulso. A capacidade de contê-los está na base de uma imensidão de esforços que vão desde manter uma dieta, até para a obtenção de um diploma de medicina.
Diversos estudos reforçam o papel da inteligência emocional como uma competência relevante na função de atingir metas. E isso determina, inclusive, como as pessoas podem empregar bem ou mal outras competências mentais.
Com base nas últimas informações vistas até aqui, avalie sua capacidade de resistir a impulsos. Reflita como você costuma lidar com situações que exigem que sejam feitos “sacrifícios”, como dieta ou mudar hábitos, por exemplo.
A função da esperança
Estudos demonstraram que pessoas ansiosas têm mais probabilidade de falhar, ainda que tenham contagens superiores de QI, na comparação com não ansiosos. A ansiedade também sabota todos os tipos de desempenho acadêmico.
Para pessoas muito ansiosas, a apreensão pré-prova interfere na clareza de raciocínio e na memória, fundamentais para um estudo eficaz. E durante a prova a clareza mental, que é essencial para que se saiam bem, fica comprometida.
Outros estudos demonstraram a importância que a esperança pode desempenhar em nossas vidas. Por exemplo, alunos muito autoconfiantes estabelecem para si mesmos metas mais altas e sabem como se esforçar para atingi-las.
Ao comparar alunos de aptidão intelectual equivalente nos rendimentos acadêmicos, o que os distingue é a esperança. Ela é a capacidade de acreditar que se tem a vontade e os meios de alcançar seus próprios objetivos, quaisquer que sejam.
O que significa ser esperançoso na perspectiva da inteligência emocional. Isso pode ser traduzido como o fato de que não vamos sucumbir em uma ansiedade arrasadora, atitude derrotista ou em depressão diante de desafios difíceis.
Como a esperança, o otimismo significa a forte expectativa de que, em geral, tudo vai dar certo, apesar dos reveses e frustrações. Com isso, é uma atitude que protege da apatia, depressão e desesperança diante de dificuldades.
Otimistas veem um fracasso como devido a algo que pode ser mudado, para que possam vencer da próxima vez. Já os pessimistas assumem a culpa pelo fracasso, atribuindo a ele alguma imutável característica pessoal.
É a combinação de talento e capacidade de seguir em frente diante da derrota que conduz ao sucesso. Enquanto a atitude mental do pessimista conduz ao desespero, a do otimista gera esperança. Otimismo e esperança podem ser aprendidos.
Por trás deles está uma perspectiva chamada autoeficácia. Trata-se da crença de que somos capazes de exercer controle sobre os fatos de nossa vida e de que podemos enfrentar os desafios que surgirem. Quem autoeficácia se recupera de fracassos.
Também aborda mais as coisas, em termos de como lidar com elas, em vez de ficar se preocupando com o que pode dar errado.
Reflita sobre o seu grau de esperança e otimismo diante do que ocorre com você. Como você poderia adotar uma visão mais positiva que lhe ajudasse no dia a dia?
Conclusão
Autoconsciência e o controle emocional tem papel crucial na vida cotidiana. É fundamental reconhecer nossas emoções sem se deixar dominar por elas. A autoconsciência envolve entender as sensações e processar as respostas emocionais sem se deixar levar.
Isso permite uma atitude mais assertiva, facilitando a autorreflexão e o domínio emocional. A raiva, a ansiedade, a tristeza e a falta de motivação são emoções que podem impactar significativamente a vida diária.
A raiva, por exemplo, costuma ser alimentada por pensamentos repetitivos, mas pode ser dissipada ao reconsiderar os eventos que a desencadeiam. Da mesma forma, a ansiedade pode ser controlada por meio de relaxamento e avaliação crítica sobre as preocupações.
Lidar com a tristeza pode envolver a mudança da perspectiva, avaliando aspectos diferentes das situações que causam esse sentimento. A inteligência emocional desempenha um papel vital no alcance de objetivos.
A motivação positiva, a esperança e o otimismo são pontos que influenciam o desempenho e a resiliência diante dos desafios. Pessoas com maior autoeficácia se recuperam mais facilmente de falhas e adotam uma abordagem mais prática diante dos obstáculos.
Enquanto as emoções desempenham um papel significativo em nossas vidas, o controle sobre elas é crucial. Aprender a gerenciar emoções como raiva, ansiedade e tristeza é essencial para uma vida mais equilibrada.
Além disso, desenvolver esperança, otimismo e autoeficácia fortalece a capacidade de lidar com desafios e falhas. A reflexão sobre as próprias emoções e a implementação de estratégias para lidar com elas são passos fundamentais na busca por equilíbrio emocional.
O autoconhecimento pode ser considerado a chave para entender e controlar nossas respostas emocionais. Por isso, esse conceito representa um papel crucial para enfrentar dificuldades, assim como na busca pelo sucesso.
Evolução que Conecta Pessoas ao Sucesso
Com mais de 23 anos de experiência, Sulivan França é referência em gestão de pessoas e desenvolvimento humano. Fundador da SLAC Educação e líder de empresas como Human Solutions Brasil, ele já impactou mais de 98.000 pessoas no Brasil e na América Latina, transformando vidas e negócios.
Formação e Especialidades
Sulivan combina expertise em Neurociências, Psicanálise e Gestão de Recursos Humanos, com uma visão estratégica apoiada por um MBA em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário, alinhando crescimento sustentável, bem-estar e estratégia.