A relação do cliente com a consciência no processo de coaching

Consciência e coaching

Começar do macro e ir em direção ao micro, concentrando-se primeiramente em ampliar o escopo de uma conversa para depois concentrar-se nos detalhes. Esse é o chamado Modelo T, utilizado durante o processo de coaching.

A ideia é que o coach consiga colher mais informações do coachee e orientá-lo de maneira mais eficiente. Isso tudo gera uma consciência maior para o coachee sobre a real situação dele em relação a suas dificuldades e potencialidades.

Também o ajuda a refletir sobre em que posição ele se encontra em relação a seus objetivos. No livro “The Inner Game of Work” (“O Jogo Interior do Trabalho” na tradução do inglês), o autor W. Timothy Gallwey aborda esse modelo de autoquestionamento.

Gallwey conta ter trabalhado de maneira rápida com uma consultora sênior de gestão numa das cinco maiores empresas de contabilidade do Reino Unido. A mulher relatava sofrer de ansiedade sempre que estava diante de executivos de empresas importantes.

A conversa deu-se da seguinte forma:

Gallwey: – O quão ansiosa você fica numa escala de 1 a 10?

Mulher: – De 7 ou 8.

Gallwey: – Nas próximas semanas, haverá alguma situação que poderá deixá-la ansiosa? (A mulher identificou duas ou três reuniões)

Gallwey: Sugiro que você classifique sua ansiedade numa escala de 1 a 10, em momentos diferentes das reuniões: antes, durante e depois.

(Fim da conversa)

O texto acima possui informações de “Coaching Eficaz”, do autor Myles Downey (Editora Cengage Learning, 3ª edição, 2010).

Consciência e coachingConsciência no processo de coaching

A resolução do problema de ansiedade da consultora sênior começou com uma palavra: consciência. A consciência pode curar. É parte fundamental do processo de autoconhecimento conhecer o problema, mas não só isso.

É preciso ir além e medi-lo, registrando sua intensidade nos diversos momentos do dia a dia. Porém, para conseguir ter essa percepção, é preciso deixar julgamentos morais de lado e não ser contaminado pelo medo de se perceber fraco.

Perceber pode ser visto como o “tentar” do pensar. É como se o nosso cérebro estivesse tentando entender como suas engrenagens estão funcionando. Também busca compreender o que o está estimulando ou travando.

A mulher em questão passou a experimentar uma mudança de comportamento depois da conversa com Gallwey. Isso permitiu que ela tivesse um desempenho melhor nas situações críticas, o que pode ser chamado no processo de coaching de Self Dois.

O chamado Self Um é o estado da consciência, ou seja, aquilo que direciona todas as suas ações à luz da consciência. Por sua vez, o Self Dois é a transcendência disso. Pode ser considerado o centro direcionador da inconsciência.

A consultora precisava deixar de sentir medo quando estivesse na presença de grandes executivos. Para isso, ela teve de esquecer da posição daquelas pessoas, do ambiente onde se encontrava e dos demais aspectos que ocupavam sua mente.

Afinal, eram todos esses elementos que a faziam se lembrar de que estava numa situação extremamente desconfortável.

Consciência e coachingOs dois selfs

Vamos nos aprofundar um pouco mais na explicação sobre o Self Um e o Self Dois:

  • O Self Um é a voz internalizada de nossos pais, professores e outros em posição de autoridade. Ele procura controlar o Self Dois e não confia nele. O Self Um se caracteriza por tensão, medo, dúvida e tentar demais.
  • O Self Dois é o ser humano completo, com todo o seu potencial e capacidade, incluindo a capacidade inata de aprender. Caracteriza-se pela concentração relaxada, alegria e confiança.

Nos workshops, muitas vezes peço às pessoas que descrevam momentos em que experimentaram o Self Dois. Em geral, os primeiros a falar são aqueles que praticam algum esporte, seguidos das que tocam algum instrumento ou cantam.

Então vêm os escritores e os artistas, até que todos na sala consigam identificar algum momento em que “estão fluindo”. Enquanto a conversa progride, mais e mais situações são identificadas, incluindo aquelas que acontecem no trabalho.

Escrever um relatório difícil, fazer uma apresentação, participar de um encontro de vendas ou promovê-lo são exemplos. Em qualquer momento, em qualquer situação, você tem a oportunidade de estar no Self Um ou no Self Dois. Isso é relevante por três motivos:

 

  • No coaching, um outro objetivo é ajudar o player a entrar e permanecer no Self Dois. Assim, ele pode ser mais objetivo, sensível, intuitivo e criativo.
  • Ajudar o player a se manter no Self Dois, em seu dia a dia e particularmente em momentos críticos como reuniões e apresentações importantes, talvez seja parte do papel de um coach ou gerente de linha.

Consciência e coachingConclusão

A consciência, ponto central no coaching, permitiu a resolução do problema de ansiedade enfrentado no caso da consultora sênior. A mudança iniciou com a identificação e medição da ansiedade, evidenciando a importância do autoconhecimento na busca por soluções.

É crucial afastar julgamentos e temores para perceber as barreiras que limitam a evolução. A distinção entre o Self Um, que busca controlar e impor limites, e o Self Dois, que representa a plenitude e a capacidade de aprender, é essencial.

A atuação a partir do Self Dois é o objetivo do coach, sendo esse o estado onde o melhor e mais gratificante trabalho é realizado. A identificação dos momentos em que se está no estado do Self Dois pode acontecer em várias atividades do dia a dia.

Essa consciência do Self Dois é importante para manter a objetividade, sensibilidade, intuição e criatividade no coaching. A habilidade de operar no Self Dois é significativa para um coach, mas também é vital para ajudar o coachee a entrar e permanecer nesse estado.

Manter a consciência do Self Dois, especialmente em situações críticas, como reuniões e apresentações importantes, é parte integrante do papel do coach ou gerente de linha. Destacamos a importância da consciência na prática do coaching.

Isso é possível ao se identificar os dois estados, Self Um e Self Dois, e ressaltar a necessidade de operar no Self Dois para um desempenho eficaz e gratificante. A consciência pode ser considerada a chave para romper com nossas limitações.

Por meio dela, por exemplo, é possível que o coach apoie o coachee a alcançar seu potencial máximo. Além disso, o cliente também consegue manter o foco, a objetividade e a criatividade em seu caminho para o sucesso.

Autor

Evolução que Conecta Pessoas ao Sucesso

Com mais de 23 anos de experiência, Sulivan França é referência em gestão de pessoas e desenvolvimento humano. Fundador da SLAC Educação e líder de empresas como Human Solutions Brasil, ele já impactou mais de 98.000 pessoas no Brasil e na América Latina, transformando vidas e negócios.

Formação e Especialidades

Sulivan combina expertise em NeurociênciasPsicanálise e Gestão de Recursos Humanos, com uma visão estratégica apoiada por um MBA em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário, alinhando crescimento sustentável, bem-estar e estratégia.

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