Escrito por Sulivan França - 02 de Abril de 2014

Por exemplo, diz-se que embora os alcoólatras recebam muito feedback e freqüentemente demonstrem consciência dele, muitos inicialmente o negam: "Eu não sou um alcoólatra! Posso parar a hora que quiser!" Quando as pessoas estão em um estado de negação, não se consegue fazer nenhuma mudança ou melhoria até que elas "assumam" o problema. Parte do processo da aceitação envolve a admitir que o feedback recebido é correto. Nas reuniões dos Alcoólatras Anônimos, esse passo é colocado bem no início do processo, quando as pessoas se apresentam dizendo: "Eu sou Fulano(a) de Tal e sou um(a) alcoólatra." 

A aceitação significa mais do que um reconhecimento passivo do feedback. Significa recebê-lo ou aceitá-lo e acreditar que as percepções dos outros são válidas. É possível ouvir o feedback dos outros, e até acreditar nele, enquanto se continua pensando:
"E daí?", "O que é que eles sabem sobre isso?" ou "Isso realmente não importa".

Por exemplo, alguém pode admitir: "Eu compreendo que as pessoas com quem trabalho me acham indeciso", enquanto dizem para si próprios: "Se esses imbecis apenas entendessem a complexidade com que tenho de lidar, eles poderiam entender que simplesmente preciso de um tempo para analisar um problema detalhadamente antes de tomar minhas decisões."

A aceitação significa acredita que, de fato, "temos um problema".

A aceitação também significa que entendemos o feedback e estamos seguros de qual é o comportamento, quando ele ocorre e não ocorre, e como o comportamento afeta os outros. Por exemplo, alguém que não tenha aceitado plenamente o feedback pode dizer: "Eu entendo que meus subordinados diretos gostariam de ficar mais bem informados." Entretanto, alguém que esteja aceitando esse mesmo feedback entenderia: " Quando não mantenho os meus subordinados diretos bem informados, eles não usam seu tempo produtivamente e se sentem desprestigiados." Analogamente, a aceitação significa compreender como o comportamento afeta nossa eficácia pessoal: "Minha função seria muito mais fácil, e esse projeto funcionaria mais harmoniosamente se as pessoas fossem mantidas bem informadas."

Marshall Goldsmith em Coaching: o exercício da liderança, editora Campus, 2003.
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