Você sabia que seu cérebro possui dois sistemas mentais semi-independentes e amplamente separados? Um deles funciona de baixo para cima, ou de forma ascendente, e o outro funciona de cima para baixo, ou descendente.
Algumas informações sobre a mente de baixo para cima, a ascendente:
- É ela é mais veloz em tempo cerebral, que opera em milissegundos;
- É involuntária e automática: está sempre ligada;
- É intuitiva, operando por meio de redes de associação;
- É impulsiva, movida pelas emoções;
- É executa nossas rotinas habituais e guia nossas ações;
- É gestora de nossos modelos mentais do mundo;
- É multitarefa. Capaz de acompanhar uma profusão de informações em paralelo;
- É responsável por filtrar nossa percepção para nos mostrar o que ela julga relevante;
Agora veja o que se sabe da mente de cima para baixo, a descendente:
- É mais lenta;
- É voluntária;
- É esforçada;
- É a sede do autocontrole. Às vezes ela pode superar rotinas automática e anular impulsos com motivações emocionais;
- É capaz de aprender novos modelos, fazer novos planos e até certo ponto assumir o controle do nosso repertório automático;
- É mais devagar para decidir, pois avalia uma coisa de cada vez e aplica análises ponderadas.
Já se sabe que muito do que a mente descendente acredita ter escolhido focalizar, pensar e fazer são na realidade ditados pelos circuitos ascendentes.
Para entender o papel de cada função do cérebro saiba que eles se desenvolveram em momentos bem diferentes. Os velozes circuitos ascendentes, que favorecem o pensamento de curto prazo, o impulso e as decisões rápidas, estão conosco há milhões de anos. Mas os circuitos descendentes foram incorporados posteriormente, com a maturação plena, ocorrida há algumas centenas de milhares de anos em nossa evolução.
As conexões descendentes acrescentam talentos como autoconsciência, reflexão, decisão e planejamento ao repertório de nossas mentes.
Faça um teste: pare e avalie o que estes pontos significam para você. A autoconsciência, a reflexão, o ato de decidir e planejar. Como você classifica que está nesses aspectos?
No dia a dia, os sistemas ascendente e descendente distribuem tarefas mentais entre eles. O objetivo é que seja possível fazer o mínimo de esforço e obter ótimos resultados. Assim,conforme a familiaridade torna uma rotina mais fácil, ela passa de descendente para ascendente.
Por meio dessa transferência neural, cada vez precisamos prestar menos atenção a uma tarefa em nossa rotina. No final, não precisamos prestar nenhuma atenção, até que ela se torna automática.
O auge desse automatismo ocorre quando a técnica gera um bom resultado para uma alta demanda. Jogar xadrez, pintar um quadro, praticar um esporte são exemplos de como o exercício contínuo de uma técnica leva a este automatismo.
E aí vai uma dica valiosa. Uma forma de aprimorar sua atenção é procurar converter suas atividades em hábitos para que sua mente ascendente consiga absorvê-los e transformá-los em coisas automáticas.
Mas para isto dar certo, é preciso ter cuidado com a concentração. Está comprovado que quanto mais submetemos nossa mente a um volume crescente de informações menos temos capacidade de controlá-la.
Além disso, mais distração significa uma maior disposição para o erro e maior fonte de estresse. Outro ponto que você deve levar em conta é que da mesma forma que a mente ascendente assimila bons hábitos e os automatiza ela também poderá interpretar uma rotina ruim e repleta de distrações como algo a ser absorvido e replicado.
Faça um teste: Quais são as tarefas que você faz atualmente e que considera que estão automatizadas pela sua mente? Pense em quais outras gostaria de automatizar.
Mas agora vamos falar da utilidade de uma mente à deriva. Embora ter a atenção focada e orientada a resultados tenha grande valor, não se deve subestimar que todo tipo de atenção tem sua utilidade.
Uma informação para refletirmos: cerca de metade dos nossos pensamentos são devaneios espontâneos. Isto sugere que esta pode ter sido uma vantagem em nossa evolução. Pense nisso, em vez de estarmos divagando para longe do que é importante, muitas vezes podemos perfeitamente estar divagando na direção de alguma coisa valiosa.
Alguns estudos científicos buscaram investigar para onde a mente vai quando está à deriva. O que se verificou é que, com bastante frequência, ela se volta para as nossas preocupações pessoais e nossas questões não resolvidas. Ou seja, são coisas em que precisamos trabalhar.
Diante disso, embora a divagação da nossa mente possa prejudicar nosso foco imediato em alguma tarefa específica, por outro lado, ela funciona a serviço de resolver problemas importantes para nossas vidas. Uma mente à deriva permite que nossa essência criativa flua, é capaz de produzir insights relevantes.
Observe algumas outras funções positivas da divagação da mente:
- A possibilidade de gerar cenários para o futuro;
- A autorreflexão;
- A capacidade de se relacionar e um mundo cada vez mais complexo;
- A produção de pensamentos criativos;
- A flexibilização do foco;
- A ponderação do que estamos aprendendo;
- A organização das lembranças;
- A meditação sobre a vida.
Outra vantagem de divagar é a possibilidade de dar aos nossos circuitos de foco mais intensivo uma pausa revigorante. Lembrar de coisas que precisamos fazer para que elas não se percam na desordem da mente também vem do cérebro em divagação. Assim como a valiosa missão de nos entreter.
Deixar a mente livre pode ser importante para a criatividade. Muitos grandes projetos nasceram de um pensamento que surgiu em um cérebro num momento de tranquilidade, sem sobrecarga.
Porém, por outro lado, um cientista determinado demais a provar sua hipótese corre o risco de ignorar descobertas que não estejam em acordo com suas expectativas. Estamos falando daquele perfil de pessoa que reage negativamente numa reunião de brainstorm, por exemplo. Aquele que sempre derruba ideias novas, destruindo insights inovadores na raiz.
Faça um teste: Como você classifica sua abertura a novas ideias? Você permite que sua mente divague? Lembre ao menos de uma ideia que tenha vindo de sua mente à deriva.
A chamada consciência aberta cria uma plataforma mental para descobertas criativas e insights inesperados, pois ela não é limitada pelo cinismo ou por julgamentos. Nestes momentos há apenas receptividade absoluta para o que quer que surja na mente. Mas, novamente, é preciso estar atento. Ao toparmos com um ótimo insight criativo, precisamos assumir um foco apurado para capturar a ideia e avaliar como aplicá-la.
Em um mundo complexo, no qual quase todos têm acesso à mesma informação, surge um novo valor da síntese original, da união de ideias de forma inovadora e das perguntas inteligentes que ativam potenciais intocados. Nossa mente tem infinitas ideias, lembranças e associações potenciais esperando para serem feitas.
Mas a probabilidade de a ideia certa se ligar com a lembrança correta dentro do contexto adequado, e tudo isso ser capturado pelo holofote da atenção, diminui drasticamente quando estamos hiperfocados ou sobrecarregados demais por distrações para percebermos o insight.
Albert Eintein afirmava que "a mente intuitiva é um dom sagrado e a mente racional, um servo fiel". Goleman afirma que "criamos uma sociedade que honra o servo e se esqueceu do dom".
Para muitos de nós conseguir durante o dia alguns momentos particulares e sem interrupções em que seja possível parar e refletir é um luxo. Mas, fica claro que esses são alguns dos momentos mais valiosos do dia, sobretudo para a criatividade.
Para que as associações frutifiquem numa inovação viável é preciso que haja uma atmosfera correta. É preciso ter tempo livre no qual possamos manter uma consciência aberta. Um fluxo sem fim de e-mails, textos, contas a pagar deixa qualquer um em um estado cerebral oposto ao foco aberto. Distrações e listas de tarefas drenam nosso potencial de inovação. Mas no tempo livre, ele floresce, assim como o espírito criativo.
Faça um teste: O que você poderia fazer em sua rotina atual para se dar algum tempo livre? Como ter mais criatividade poderia ser útil em sua vida ou sua carreira?
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