Casar e se manter casado é um crescente desafio. Se antes pressões sociais mantinham unido até os casais mais infelizes, hoje o cenário é outro, o que contribuiu para o aumento do número de divórcios nas últimas décadas. Assim, as forças emocionais do casal se tornaram cruciais para o prosseguimento de uma união.
No entanto, existem realidades emocionais paralelas na vida de um casal: a dele e a dela. Embora em parte biológicas, as diferenças têm origem na infância. Ao longo desse período e até a adolescência, garotos e garotas aprendem a lidar com os sentimentos de forma muito diferente. As brincadeiras em grupo de ambos os sexos são bem distintas.
Em geral, meninos fazem questão de ser independentes, autônomos e durões. Eles brincam em grupos mais numerosos do que os de meninas e valorizam a competição. Já as meninas se consideram como parte de uma teia de ligações. Costumam brincar em grupos pequenos e íntimos, nos quais é enfatizado o mínimo de hostilidade e é valorizada a cooperação.
Em suma, esses contrastes no aprendizado das emoções promovem aptidões diferentes. As meninas tornam-se capazes de captar sinais emocionais verbais e não-verbais, de expressar e comunicar seus sentimentos. Já os meninos são ágeis em minimizar emoções que digam respeito a vulnerabilidade, culpa, medo e dor.
Assim, a mulher chega ao casamento, de modo geral, preparada para exercer o papel de administradora das emoções. Para elas, o mais importante em um relacionamento é a sensação de que o casal tem uma boa comunicação. Para a mulher, intimidade significa discutir tudo, sobretudo a própria relação. Mas, a maioria dos homens não entende o que as mulheres querem deles. E não são questões específicas que resultam no rompimento de um casal. O que importa é como o casal discute pontos sensíveis na relação.
Faça um teste: em seu relacionamento, como vocês lidam com as queixas do outro? Reflita como ambos administram os conflitos do casal no que se refere à inteligência emocional.
Por exemplo, em uma discussão, quando um dos dois faz críticas pessoais ao outro, em vez de se atentar a um fato ou uma ação, isso irá corroer o relacionamento. Se em vez de dizer "fiquei chateada com o seu atraso", a mulher prefere afirmar: "você é sempre egocêntrico e indiferente e nunca liga para mim", a crítica é ao caráter do marido, não ao ato específico dele. Provavelmente, o marido adotará uma atitude defensiva, em vez de procurar medidas para melhorar. Se a crítica vem acompanhada de desprezo, pior.
Existem pensamentos que envenenam um casamento. Ocorrem se rancor e ressentimento são continuamente alimentados por um dos cônjuges, ou ambos, em uniões problemáticas. Um dos dois se sente injustiçado e ideias perturbadoras se tornam automáticas: a pessoa passa a procurar qualquer coisa que confirme o sentimento de ser vítima de uma injustiça.
Se o casal fica preso em um ciclo de crítica e desprezo, sempre na defensiva e alimentando pensamentos angustiantes, isso reflete a desintegração da autoconsciência, do autocontrole emocional e da empatia. E na medida que a série de brigas cresce, é fácil perder o controle. Então, como proteger um casamento?
Bom, para homens, aconselha-se não contornar o conflito, mas compreender que quando a mulher faz alguma queixa ela quer ser ouvida. E pode estar fazendo isso como um ato de amor. Já a mulher precisa ter o cuidado de não agredir o marido ao se expressar. Ao reclamar, ambos devem focar na ação e não em um ataque pessoal, sempre sem desprezo.
O que falta aos casais que acabam se divorciando são tentativas, como, por exemplo, em uma discussão tentar reduzir a tensão. É possível haver desacordos sadios, que permitem o casamento superar as coisas negativas que, quando se acumulam, podem destruí-lo.
Em paralelo, cada um deve manter uma conversa desintoxicante consigo mesmo, afastando os pensamentos negativos que possam ter contra o cônjuge. Também deve-se procurar ouvir e falar de uma forma não-defensiva. Empatia, respeito e amor desarmam a hostilidade.
Como tudo isso pode ser difícil de ser implantado na hora de uma briga, convém treinar as técnicas quando estiver calmo, para que venham como uma resposta automática no momento de perturbação.
Muito do que falamos até aqui para os casamentos serve para o mundo do trabalho. Atividades em equipe, canais abertos de comunicação, saber escutar e dizer o que pensa são tão valorizados quanto habilidades técnicas nas organizações.
Ambientes com chefes arrogantes e trabalhadores intimidados colhem queda de produtividade, descumprimento dos prazos, erros, acidentes e a saída de funcionários para ambientes que se sintam melhor.
Baixa inteligência emocional resulta em custos. Quando isso se generaliza, empresas desabam e vão à ruína. Emocionalmente perturbadas, as pessoas não se lembram, não acompanham, não aprendem e não tomam decisões com clareza. A tensão as tornam idiotas. Liderar não é dominar, mas a arte de convencer pessoas com ponto de vistas diferentes a um objetivo comum.
Faça um teste: reflita sobre como são feitas as críticas ao seu trabalho. Verifique se você tem recebido retornos e se as críticas feitas são a ações e chegam com sugestões.
Um ponto importante para qualquer trabalho de equipe é o chamado retorno, ou feedback, em inglês. Trata-se de uma informação dada às pessoas para que saibam se seus esforços estão no rumo certo. Isso permite que os funcionários verifiquem se seus trabalhos estão sendo bem executados, se precisam melhorar ou reformular totalmente. Sem isso, eles ficam no escuro. Qualquer problema que exista tende a se agravar com o tempo.
A crítica é uma das mais importantes tarefas do administrador. Porém, trata-se de algo temido e deixado de lado. Muitos chefes dominam mal a difícil arte de dar um retorno. Mas essa deficiência custa caro. Assim como a saúde emocional de um casal depende da forma como eles se queixam, a eficiência, satisfação e produtividade das pessoas no trabalho dependem de como lhes são transmitidos os problemas incômodos.
Críticas destrutivas, expressas como ataques pessoais, que não abrem espaço para um argumento ou sugestão de como fazer melhor deixam as pessoas impotentes e com rancor. Empregados agredidos ficam na defensiva, dando desculpas, fogem da responsabilidade, ou se isolam, tentando evitar qualquer contato com o administrador que os criticou. Essas reações costumam causar irritação no chefe, criando um ciclo que termina com o empregado demitindo-se ou sendo demitido, o equivalente empresarial do divórcio.
A maioria dos problemas no desempenho de um empregado não surge de repente, mas desenvolve-se com o tempo. Quando o chefe não diz imediatamente o que sente, isso leva a um lento acúmulo de frustração. Até que um dia, explode. Se a crítica tivesse sido feita antes, o funcionário poderia ter corrigido o problema.
Além disso, um comentário realizado quando se está irado pode conter sarcasmo, reclamações acumuladas ou ameaças. São recebidos como afronta e provoca raiva no criticado. É a pior maneira de motivar alguém.
Por outro lado, a crítica feita de forma hábil se concentra no que a pessoa fez e no que pode fazer, em vez de identificar um traço do caráter da pessoa em um trabalho mal feito. A arte da crítica envolve ser específico. É preciso dizer exatamente qual é o problema, o que está errado e o que pode mudar.
Outro ponto importante é oferecer uma solução, para evitar que a pessoa criticada se sinta frustrada ou desmotivada. Fazer a crítica, ou um elogio, pessoalmente e em particular faz tudo ser mais efetivo. Por fim, nunca se esqueça de ser sensível ao criticar. Tenha empatia e esteja sintonizado com o impacto do que você fala para o outro.
Já quem recebe uma crítica deve ver aquilo como uma oportunidade para se aprimorar e não como um ataque pessoal. Deve-se ver a crítica como a chance de trabalhar junto com quem critica para resolver o problema, e não como uma situação de confronto.
Faça um teste: avalie seu ambiente de trabalho atual e outros pelos quais você tenha passado, no que se refere à relação entre as pessoas. O que poderia melhorar neles?
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