O modelo T no processo de coaching

Você deve ter percebido que o papel do coach é encorajar o player a pensar, e não pensar por ele. Assim, é necessário se ater à pauta e seguir os interesses dele.

Isso não é algo fácil de fazer inicialmente porque a maior parte de seus instintos estará direcionada a pensar sobre o objeto e resolvê-lo.

Nesses anos de experiência, observei um fato interessante: quando sugeria que essa resposta instintiva não iria ajudar o player, muitos coaches em treinamento ficavam perdidos e não sabiam o que fazer.

O modelo T

O Modelo T é uma técnica singularmente poderosa para progredir no modelo GROW. Ele sugere que inicialmente você amplie o escopo da conversa e depois se concentre nos detalhes.

Imagine-se no estágio de opções do modelo. A conversa se daria assim:

COACH: Você me deu uma opção, delegar o projeto para o Jamie. Que outras opções existem? [Expandindo.]

PLAYER: Eu poderia dar o projeto para o Jamie, mas ainda assim supervisioná-lo.

COACH: Mais alguma coisa? [Expandindo novamente.]

PLAYER: Posso fazê-lo eu mesmo.

COACH: Mais alguma coisa?

PLAYER: Não consigo pensar em mais nada.

COACH: Certo. Mas vamos ver se há mais opções. Diga-me o que realmente você quer fazer, independente das consequências. [Expandindo novamente e adicionando um pouco de criatividade.]

PLAYER: Bem, o que eu realmente quero é simplesmente não fazer o projeto. Mas… isso não é muito realista. Mas… tendo dito isso, eu poderia atrasar o projeto algumas semanas até estar menos ocupado.

COACH: Então, quatro opções. Passar para o Jamie completamente, passar para ele e supervisioná-lo, fazer você mesmo e deixar para depois. Qual dessas é mais interessante? [Concentrando e deixando a escolha e responsabilidade para o player.

Como Desenvolver Oratória?

A ação do modelo T

O Modelo T traz alguns benefícios inerentes a ele. Com frequência, no coaching, somos tentados a buscar a resolução o mais rápido possível. Há muitos perigos nisso, incluindo o perigo de o coach conduzir a conversa. Um segundo perigo é que, ao tentar adiantar-se, informações relevantes sejam omitidas.

O Modelo T mantém o coach na pauta do player, e, já que sugere que você expanda a conversa antes de entrar nos detalhes, a maior parte, se não todas as informações relevantes, é obtida por meio da conversa.

O modelo ainda pode ser usado nas etapas de tratar do assunto ou da realidade. Se o player descreve um aspecto particular de um problema e o coach diz “Fale-me mais sobre isso” (concentração), existe a possibilidade de que se perca tempo discutindo um aspecto não inteiramente relevante para o tema em geral.

É muito melhor perguntar “Há mais alguma ciosa?” (expansão) e, depois de ouvir outros aspectos da questão, concentrar-se naquele parecer mais relevante.

COACH: Então, você me disse que o projeto está atrasado e que vai perder a próxima data importante. Você também mencionou o desempenho ruim da sua equipe. Há mais alguma coisa? [Resumindo e então expandido.]

PLAYER: Nós temos um cliente interno, um patrocinador do Conselho, que também está dificultando as coisas.

COACH: O projeto, a equipe e o patrocinador. Qual é mais interessante para discutirmos primeiro? [Concentrando.]

PLAYER: Na verdade, deveríamos falar sobre o patrocinador. Quando começamos a conversa, eu achava que tudo se resumia ao desempenho da equipe, mas sem uma resposta clara do patrocinador, vai ser sempre difícil ter sucesso.

Nesse trecho da conversa de coaching, pode-se notar que, se o coach não tivesse expandido, um elemento muito importante do assunto teria sido perdido.

O coach também usou a palavra “interessante” na pergunta de concentração. Inicialmente, isso surpreende as pessoas, pois elas esperam palavras como “relevante” ou “importante”. Se o coach tivesse usado a palavra “importante”, ela poderia gerar interferência. Por exemplo, o player poderia ter ficado menos relaxado, tentando fazer a escolha “certa” num assunto considerado “importante”.

Se o coach tivesse usado a palavra “importante’, ela poderia gerar interferência. Por exemplo, o player poderia ter ficado menos relaxado, tentando fazer a escolha “certa” num assunto considerado “importante”. Muito melhor é seguir o interesse. O interesse dá espaço para a intuição e sentimentos, entre outras coisas, e quase sempre criará uma conversa mais rica.

Myles Downey, em Coaching Eficaz, editora CENGAGE Learning, 3ª edição, 2010.

Autor

Evolução que Conecta Pessoas ao Sucesso

Com mais de 23 anos de experiência, Sulivan França é referência em gestão de pessoas e desenvolvimento humano. Fundador da SLAC Educação e líder de empresas como Human Solutions Brasil, ele já impactou mais de 98.000 pessoas no Brasil e na América Latina, transformando vidas e negócios.

Formação e Especialidades

Sulivan combina expertise em NeurociênciasPsicanálise e Gestão de Recursos Humanos, com uma visão estratégica apoiada por um MBA em Gestão Empresarial e Planejamento Tributário, alinhando crescimento sustentável, bem-estar e estratégia.

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