Olá, minha gente. Bom dia a todos. Aqui é o Professor Nélson Sartori em mais um programa Acertar é Humano aqui pela Rádio Mundial e mais uma quinta-feira em nosso programa às 7h da manhã aqui na Avenida Paulista, no grande centro de São Paulo, palco de grandes ações sociais, culturais, democráticas e assim por diante.
Quero dar bom-dia para os meus amigos Evaldo Ribeiro, Toninho, André, o pessoal aqui, que sem eles realmente não conseguiríamos fazer nada, porque são eles que dão todo o suporte importante para o nosso trabalho.
A voz do Toninho, a grande voz que abre nosso programa aqui, é algo marcante e importante para nós, além de ser um grande Palmeirense, que é algo que toca realmente o meu coração.
Quero também mandar um grande abraço para o Sulivan, meu companheirão aqui que, logicamente, em função de todas as atividades, não pode estar presente aqui conosco em todos os programas; mas de vez em quando consigo sequestrá-lo. Não é tão fácil, mas às vezes consigo capturá-lo e trazê-lo até aqui, nem que seja para fazermos algum programinha gravado em que o pegue ali fora do horário, grave algum programa e coloque aqui para nós, para que ele participe, já que é uma das figuras fundamentais desse programa, porque falamos muito sobre empreendedorismo e lógico que estamos sempre juntos do papa do coaching no país. Afinal de contas, é o presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching, que patrocina nosso programa e que ao mesmo tempo é uma das maiores formadoras de profissionais em coaching de toda a América, cada vez expandindo mais.
Até aproveitar e trazer uma novidade para vocês, que é o aplicativo da SLAC. Pode baixar o aplicativo da SLAC de coaching, em que você vai poder curtir o famoso Minuto do Coaching, em que o Sullivan lança aí para todo mundo alguns questionamentos para que você vá refletindo e modificando para melhor sua vida com o passar do tempo.
Esse é o meu humilde bom-dia de hoje.
Pessoal, hoje quero falar sobre mais um tema bastante atual, é um tema que está muito em evidência e que por isso exige também bastante cuidado — até porque seria alguém suspeito se fosse falar alguma coisa aqui conflitante sobre esse tema — porque vou falar hoje sobre o poder da mídia.
O PODER DA MÍDIA – HEROÍNA E VILÃ
No passado, quando vivemos o surgimento dos jornais, dos meios de comunicação de massa, vimos realmente como o papel dos meios de comunicação foi transformador no que diz respeito à divulgação de ideias em nosso país. Um dos grandes fomentadores da República e da abolição da escravatura em nosso país foram os jornais que circulavam no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, na Bahia, até mesmo em São Paulo, fomentando a liberdade dos escravos e um ano depois buscando a Proclamação da República, as mudanças, as transformações.
Então vimos aos poucos o papel da imprensa transformando a sociedade, participando, orientando, levando informações. Isso daí é inegável. Hoje em dia então com as redes sociais, com os aparelhos celulares, com todos os recursos com os quais contamos, temos contato com o mundo. Temos hoje na mão o conhecido quarto poder, que é o poder da mídia.
Não somos apenas, como se dizia antigamente, massa de manobra, dentro do jargão apropriado, mas somos hoje também influenciadores de opinião, porque todos podem ter acesso a qualquer tipo de público, através das redes sociais, do Facebook, do Twitter. Os debates em grupos não têm limites. Pode-se criar grupos de debates sobre todos os assuntos, e lógico que isso vem acontecendo.
Às vezes os modismos geram a massificação de um tema único das redes sociais, como vemos as questões da crise de credibilidade política, financeira e econômica, a própria relação dos valores morais pelos quais o nosso país passa e que acabam se tornando alvo de comentários, até mesmo desagradáveis, que sabemos que acontecem fora do país.
Por isso que sabemos que a mídia acaba tendo um papel dúbio, porque ao mesmo tempo em que tem o seu papel de informar — essa é a função dela —, acaba se tornando em algumas situações heroína por essa divulgação e em outras vilãs por causa da própria manipulação.
É impossível não dizermos que existem interesses em todos os campos de trabalhos, comunicação. E muitas vezes eu posso aqui em dado momento talvez até descuidadamente influenciar as pessoas com a minha opinião, sendo que não sou alguém absolutamente perfeito e referencial para que as pessoas tenham sua modelação de imagem e pensamento.
Então esse é um risco que muitas vezes corremos como comunicadores e que o ouvinte corre também pela credibilidade que às vezes alcançamos. Então isso é um fenômeno natural em todo o mundo.
E principalmente é importante lembrarmos que a manutenção da própria democracia é uma das características do próprio poder da mídia de sustentar uma estrutura política: informação e imparcialidade.
As questões conflitantes acontecem justamente porque lidamos com muitos interesses, muitas informações com muitos papéis e pontos políticos e daí sim é que acabamos vendo muitas vezes a mídia se servindo de seu poder de comunicação, pessoas se servindo do poder de comunicação da mídia para influenciar as outras levando informações, jargões, desenvolvendo até mesmo o ódio, características de fomentações ideológicas.
Esse tipo de coisa me assusta, porque é muito fácil de se criar o monstro quando tem nas suas mãos o poder da informação, quando monopoliza a informação ou então quando divulga informações privilegiadas. Tudo isso é algo que temos de ter consciência, e falo disso começando a partir de elementos básicos que são por exemplo novelas.
Extensão do poder da fera como formadora de opinião
Vamos sem criar grandes polêmicas nessa ideia, mas sim mostrar a influência da televisão em meio a nossas vidas, o quanto devemos respeitá-la não como um bichinho indefeso, mas sim como uma fera poderosa que deve ser alimentada, que deve viver em liberdade, que deve ter seu espaço, mas ao mesmo tempo não se deve colocar a mão em sua boca porque também pode ser traiçoeira.
Em que sentido? Por exemplo, do poder de formação de opinião de programas que vemos pela televisão. Isso é incontestável, inegável. Os modismos criados, por exemplo, por uma novela de televisão. Hoje existem novelas de televisão que veiculam cortes de cabelo, moda, marcas de maquiagem, esmalte, batom. Quer dizer, existe todo um mercado de manipulação dentro desse universo de informação, que são geralmente elementos contemporâneos que também trazem manifestações no conceito da sociedade que podem ser representados, mostrados e defendidos ao mesmo tempo.
É importante sabermos que quem tem a informação na mão tem um poder bastante significativo.
Então criamos a idolatria através de atores, personagens famosos da televisão e às vezes criamos um vínculo tão grande com esses personagens, ídolos que os transformamos em representantes políticos. Às vezes a própria presença desse indivíduo em nossas vidas, faz com que o transformemos em elementos presentes constantemente, até mesmo em nossa vida política, tomando decisões por nós.
Que isso pode representar um erro, todos entendem muito bem. Temos exemplos que podem ser citados, como do Deputado Tiririca, que foi realmente um voto feito a partir de um grande jogo de mídia, marketing muito grande feito pelo partido político, porém um político que representou o seu eleitorado muitas vezes com mais dignidade do que muitos outros políticos que não tiveram esse mesmo trabalho.
Mas não serei eu quem vai julgar aqui nesse momento a competência e o papel de um ou outro político, até porque temos de manter uma condição de imparcialidade, já que existem paradigmas diferentes em nossa sociedade hoje no que diz respeito às relações políticas. Acho que o meu papel pelo menos é o da imparcialidade e da conscientização.
Temos sempre de conscientizar, dar subsídios. Isso é algo que falo para todos que falam comigo nas redes sociais, com meus alunos, e vocês já me ouviram falar isso mais de uma vez, que é um absurdo a formação de uma opinião sem que a pessoa busque conhecimento sobre isso. Para que eu possa falar sobre mídia, tenho de conhecer um pouco da história da mídia, de quais foram os aspectos positivos.
Hoje em dia vivo uma realidade midiática de comunicação que se desenvolve através de uma nova metodologia de ensino, que é o ensino a distância, e que só chega até o meu aluno se eu puder usar os meios de divulgação que tenho em minhas mãos, que são as redes sociais, que é o computador, que são todos os meios de propagação disso tudo. Então não serei hipócrita a ponto de dizer que pode condenar um meio que me sustenta, que utilizo, com o qual trabalho, e que é uma forma de educação que defendo bastante.
A democratização do ensino que pode ser levada a todos. Talvez não necessariamente o que o homem ou o governo tenham feito, mas a tecnologia e a ciência conseguiram democratizar a educação (sou incansável em dizer que sou apaixonado pela ciência). Isso daqui seria mais uma vez conflitante se saísse simplesmente criticando, mostrando um único lado, uma unilateralidade em relação ao universo da mídia.
Obviamente que, da mesma forma como a novela planta, ideias, ideologias, valores, também ela denuncia, mostra, representa alguns segmentos sociais, pelo menos atende às necessidades até mesmo de diversão das pessoas que vão buscar isso tudo.
Lógico, questiona-se a responsabilidade dos meios de comunicação na massificação de informações, divulgação de valores de conceitos negativos, uma exploração muito grande da sexualidade, muitas vezes dos vícios, uma banalização das relações humanas; isso é fato. Vemos programas que banalizam as relações humanas, mas ao mesmo tempo temos programas que trazem informação, ciência, cultura, então não podemos simplesmente jogar tudo isso no chão.
Eu falo isso porque vivemos um momento em que as relações sociais e políticas estão muito ligadas à questão da mídia. Todo mundo que tiver um perfil no Facebook está vendo todos os acontecimentos sendo debatidos imediatamente e muitos deles apaixonadamente a favor ou contra situações que acontecem dentro de nossa política, muitas vezes se deixando envolver e levar pela paixão desses acontecimentos, paixões negativas e positivas e que acabam às vezes produzindo informações, reproduzindo até mesmo informações agressivas com aqueles com quem se relaciona e deveria respeitar.
Então não posso transferir para a mídia a minha falta de conhecimento sobre o assunto quando falo sobre alguma coisa ou minha responsabilidade em ver minha manifestação extremista sobre fatos e assuntos que estão sendo debatidos.
A questão da ética é uma questão que fica muito difícil de ser controlada dentro de redes sociais que são abertas. Na maioria das vezes, quando se precisa questionar a fala de alguém ou até mesmo vetá-la porque talvez seja violenta, agressiva, primeiro ela é divulgada sem restrições. Não existe (e isso é positivo) uma censura prévia porque não vivemos mais em um país em que a censura deva fazer parte de nossa realidade, e sim da educação, da ética e mais do que tudo da democracia.
Então quando falamos sobre isso, gosto de chamar a atenção para fatores positivos, como falamos, mas principalmente fatores históricos que mostraram a capacidade da mídia de influenciar a vida de todos, porque as pessoas às vezes também são ingênuas a ponto de dizer que não há uma influência direta daquilo que acontece em nossa vida a partir daquilo que ouvimos ou do que nos é plantado.
Para que(m) serve a mídia?
Chamo atenção para um filme célebre, que foi um dos primeiros a debater sobre a questão da mídia, que foi o Cidadão Kane. Cidadão Kane foi uma obra americana de 1941, dirigida e representada, já que era o principal ator, pelo próprio Orson Welles, que fazia o papel de Kane, um jornalista que começou sua carreira ideologicamente e que passa por todo esse idealismo inicial na busca pelo significado das coisas, de uma palavra. Não entrarei nos nuances do tema, só que, buscando o significado das coisas, Kane passa de idealista a manipulador de informações, uma pessoa que influenciava outras e que passou, a partir desse poder que construiu através dos meios de comunicação, a conquistar, a dominar a vida das pessoas que viviam e que tinha um contato com seu jornal.
Então essa foi uma mídia, um jogo, um questionamento sobre o valor da mídia no mundo feito em 1941, ainda mais voltado para o cinema, falando sobre um meio de comunicação que na época era o meio de informação mais poderoso, que era o jornal.
Hoje em dia, como já falamos, temos muitos outros mais. Aconselho também (e agora desvendando um pouquinho mais a verdade) a conhecer um outro filme, um filme de características mais realistas que faz alusão ao próprio Cidadão Kane e que todos têm acesso. Vejam, não estou fazendo aqui nenhuma apologia à violência, ou à denúncia ou à crítica, nada disso. Esse é um filme disponível na internet, que você entra em vários campos culturais, várias bibliotecas culturais, tem acesso a ele, porque isso já está livre, que é o filme ou o documentário chamado Muito Além do Cidadão Kane.
Muito Além do Cidadão Kane vai fazer uma relação entre o poder da mídia, associando principalmente nesse documentário a denúncia do monopólio da informação, vai mostrar a importância do papel da mídia. Na verdade, como é um documentário, ele denuncia essa questão do monopólio de informações, do uso político, das informações privilegiadas dentro do exercício de divulgação de informações e manipulação da opinião pública. Isso diz respeito a toda mídia, mas principalmente pela maior rede de comunicação no país, que é a Rede Globo.
Estou falando da influência que houve, por exemplo, da mídia no que diz respeito à eleição, à história do presidente Fernando Collor de Mello através da grande manifestação do grande caçador de marajás. Já naquele começo em Alagoas como governador, buscando e retirando os marajás, aqueles que tinham salários absurdos, Collor transformou isso em sua grande campanha para se lançar a Presidente da República.
Foi aclamado como presidente da república, foi levado ao poder — na época também disputando com o tão polêmico ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Foi justamente em função da interferência da mídia que acabou Collor conquistando e ganhando essa presidência e foi a mesma mídia que depois retirou-o do poder através do impeachment, conduzindo essa construção, esse pensamento.
É mostrado dentro desse documentário uma série de fatores interessantes que devem servir de base para que criemos nossa opinião, para mostrar os valores e a importância da mídia, o seu poder, mas também para mostrar como a informação, se for utilizada em função dos interesses de um pequeno grupo social e principalmente se esse pequeno grupo tiver grande poder de comunicação e de acesso às pessoas, torna realmente uma mídia em pervertida, que influencia, que transforma o povo em massa de manobra.
Já evoluímos bastante dessa época para cá, mas vimos as redes, principalmente as maiores, trabalhando muito em função das questões do poder político instituído na época, desde 1964, do golpe até o período militar, sustentando aquela estrutura militar, se relacionando de mãos dadas com o poder e interesse americano e esses canais de televisão, brasileiros, reproduzindo a ideologia que os interessava.
Então esse é um papel que temos sempre de ter em mente, um papel que faz parte da relação da mídia: a influência, o monopólio de informações, a articulação política.
O que devemos fazer não é impedir a mídia, muito pelo contrário. Se vivemos em um estado democrático, é importante mais do que tudo que sejam mantidos o direito e a liberdade absoluta da imprensa. Sou a favor da liberdade completa. A imprensa tem sim o direito de desmascarar e de apresentar todos os fatos. Isso não é questionável. O que é questionável na verdade é aquilo que o é em todos nós: o caráter ético daquilo que se apresenta e daquilo que se fala.
O papel da mídia é o de levar conhecimento a todos. Eu conclamo todos a buscarem conhecimento, a pesquisarem, a saberem um pouco mais, a conhecerem, por exemplo, o filme Cidadão Kane, que era uma simbologia sobre o que isso representa no mundo inteiro, a verem o exemplo daquilo que aconteceu em nosso país através desse documentário chamado Muito Além do Cidadão Kane para que se armem intelectualmente e busquem a partir dali condições intelectuais para poderem avaliar tudo aquilo que acontece.
São fatores muito importantes, interessantes e que busco bastante toda vez que vou falar com vocês aqui. E vejam, não consigo entender de maneira alguma a formação de uma opinião que não foi baseada e estruturada na busca do conhecimento. A mídia tem esse papel, ela traz o conhecimento.
Mas, como a tudo que transfere conhecimento, precisamos checar, verificar e buscar os dois lados da informação; saber qual é a característica, a competência, o valor de uma revista, a tendência, a linha dela editorial. Tem de se conhecer qual é a linha de raciocínio e a filosofia política de uma rede de televisão e de rádio.
Não que isso deva ser objeto de crítica negativa, porque a crítica deve existir, mas não que haja apenas uma questão rancorosa. Nós não devemos trabalhar com rancor, isso é algo que não deve existir. O que devemos buscar de verdade é uma análise consciente e culta dos fatos.
Conclusão
Então faça um exercício de análise culta, buscando conhecer um pouco sobre a história da mídia, principalmente em nosso país. Você terá os olhos mais abertos até mesmo para tudo isso que é divulgado hoje em dia na mídia e saberá até que ponto é importante a informação que está sendo passada e quanto aquilo deve ser divulgado e reproduzido, quanto dessa intenção não está sendo usada principalmente para nos manipular e para defender interesses políticos, muitas vezes até eleitoreiros, porque interessa a uma ou outra rede social ou a uma rede de televisão que determinado político vença a eleição.
Em um estado democrático de direito como vivemos, justiça é para todos, assim como igualdade, direito e liberdade. E é assim que deve ser.
Minha gente, um grande abraço a todos. Um grande abraço ao Evaldo Ribeiro e nos vemos na próxima semana, na quinta-feira, em mais um programa Acertar é Humano. Um grande abraço a todos e até mais.