Preciso ter certeza de que não estamos ficando com muitos preciosismos sobre o coaching não diretivo. Fazê-lo introduz uma interferência significativa. Há um delicado equilíbrio a se atingir aqui, pois não quero dar licença àqueles que podem querer reverter em modelo, ou mais precisamente em hábito, e começar a instruir, fazer sugestões, dar conselhos ou, pior ainda, tentar controlar. O equilíbrio é entre reter o vital do modelo não diretivo (propriedade, responsabilidade, aprendizado, alto desempenho) e reconhecer que a pessoa que está sendo submetida ao coach tem inteligência, experiência, intuição e imaginação, o que, em muitos casos com toda certeza, pode ter valor para o coachee. Imagine guardar para si uma ideia muito boa do coachee – isso não ajudaria também. Minha intenção é desacreditar a noção de que há uma forma correta de fazer o coaching. Começo esta parte com um outro olhar sobre as diferentes abordagens de coaching.
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Nível Um: Seguir o interesse. Essa é a abordagem fundamental e a base do coaching produtivo.
Nível Dois: Estrutura. Há estruturas em nosso modo de pensar que se tornam implícitas na linguagem – bom/mau, passado/presente/futuro ou negativo/positivo. Muito freqüentemente o coachee descreverá uma situação e revelará somente uma parte da estrutura. Por exemplo, ele descreve uma situação corriqueira que é indesejável de alguma forma. O coach então pergunta: “Como você quer que ela seja?”. A estrutura que o coach impôs na conversa é presente/negativo que se move para o futuro/positivo. Em um grau bem pequeno, o coach dirigiu a conversa aqui, quase com certeza apropriadamente. Outro exemplo de estrutura é o modelo GROW, que se refere puramente a um ato diretivo, não a um não diretivo.
Nível Três: Processo. Um processo é uma sequência de ações ou eventos. Em termos de coaching ou terapêuticos, ele está interligado a uma série de instruções que cria um movimento na direção do entendimento do coachee.
Nível Quatro: Saber. Por isto quero dizer o que o gerente de linha ou coach sabem. Pode ser conhecimento real, mas também incluo experiência, sabedoria, insight e intuição nesse nível.
O Nível Um é a abordagem menos diretiva. Em cada nível da hierarquia, o coaching se torna mais diretivo. O que quero deixar bem claro aqui é que fazer o coaching a partir de qualquer um desses níveis é válido, desde que passe nos quatro testes:
Aumenta a consciência no coachee.
Deixa a responsabilidade e a escolha com o coachee.
O relacionamento é suficientemente forte.
A intenção é clara.
Outra coisa acontece quando nos movemos na hierarquia em direção às abordagens mais diretivas: fica cada vez mais difícil ser produtivo. Na verdade, você deve se tornar competente nos primeiros níveis antes de prosseguir. A ironia é que, nas abordagens tradicionais, você realmente começa do topo, no Nível Quatro. Todavia, se você não tem alguma competência no Nível Um, é pouco provável que saiba, a partir do Nível Quatro (Saber), se tirou a escolha e a responsabilidade do coachee ou simplesmente perdeu sua audiência. É mais provável que pense:
“Ele não entende. Será que é tolo?”. Minha sugestão é que você construa uma forte base de habilidades não diretivas e, a partir de então, como experiência e experimentação, poderá explorar melhor os outros níveis – tendo como referencial os quatro testes.
Também vale a pena dizer que acredito que seja impossível – e talvez até não inteiramente desejável – que o coaching seja completamente não diretivo. É impossível porque o menor sinal de preocupação no olhar, o menor sorriso de aprovação, vai aparecer, ser lido e interpretado pelo coachee. Vamos então para a próxima grande interferência.
Myles Downey, em Coaching Eficaz, editora CENGAGE Learning, 3ª edição, 2010.
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