Um dado para nossa reflexão. Se você perguntar a alguém: "você está pensando em alguma coisa além do que está fazendo neste momento?", há 50% de chances de que a mente desta pessoa esteja divagando.
Claro, tal porcentagem muda de acordo com a atividade do momento. Por exemplo, a divagação da mente é mais frequente durante o trabalho, quando estamos no computador de casa, ou no decorrer do trajeto entre nossa casa e o trabalho ou vice-versa.
Mas há algo surpreendente aí. Alguns estudos demonstraram que o humor das pessoas normalmente piora quando suas mentes divagam. E qual será a explicação para isso? Bom, basicamente, quando não estamos com nada em especial em mente nossos pensamentos são todos sobre o nosso "eu".
Associações criativas à parte, a divagação da nossa mente tende a nos centrar em nosso eu e em nossas preocupações. Embora às vezes divaguemos para alguns pensamentos ou fantasias agradáveis, em geral, o cérebro fica orbitando em torno das nossas inquietações.
Porém, ao entrar em concentração total, nossa atenção seletiva tenta desligar os circuitos das preocupações emocionais, considerados o tipo mais poderoso de distração. Assim, não é o bate-papo das pessoas ao nosso lado que tem mais poder de nos distrair, mas a conversa de nossa própria mente.
Faça um teste: procure observar nas próximas vezes que se pegar divagando, onde sua mente estava? Quando seu cérebro se perde, em que pensamentos ele te leva?
Se você quer um pouco de concentração absoluta vai precisar que as vozes internas se calem. A prática da meditação, quando atenção plena se voltada para a respiração e os sentidos, é capaz de fazer o cérebro silenciar a conversa-padrão. Este tipo de foco traz sensação de paz e, com ela, alegria.
Quanto mais a mente divaga, menos conseguimos registrar o que está acontecendo aqui e agora.
Também é preciso considerar o esforço mental demandado por nossa sobrecarga normal de informações. Os efeitos de uma explosão de fluxos de notícias, e-mails, telefonemas, tuítes, posts, reflexões sobre opiniões a que expomos diariamente nossos processadores mentais.
Faça um teste: como você avalia que seja a carga de informações a que você está se sujeitando? Há alguma forma de reduzir este volume em nome do seu bem-estar?
Este verdadeiro zumbido neural adiciona tensão às demandas de se fazer alguma coisa. Para selecionar um foco certeiro temos que inibir muitos outros. Na prática, o cérebro precisa lutar para se afastar de todo o resto. Separar o que é importante do que é irrelevante. Mas isso é algo que demanda esforço mental.
A atenção firmemente focada se cansa, de forma parecida com o que ocorre com um músculo que trabalha demais. E podemos forçá-la ao ponto da exaustão cognitiva. Os sinais de fadiga mental, como a queda na efetividade e aumento da distração e irritabilidade, significam que o esforço para manter o foco esgotou a glicose que alimenta a energia dos neurônios.
O antídoto para isso é similar ao do cansaço físico: descansar. Tentar fazer uma pausa relaxante num ambiente tranquilo para buscar a restauração da atenção.
Para restaurar é preciso mudar da atenção esforçada, quando a mente deve anular as distrações, para um estado em que a mente fique livre e seja capturada pelo quer que se apresente. É necessário se desconectar regularmente. O silêncio restaura nosso foco e nossa serenidade.
Mas a desconexão é o início. Por exemplo, andar por uma rua da cidade ainda vai exigir muita atenção sua, pois há muitas distrações. Já uma caminhada por um bosque requer pouco do tipo de atenção focada.
Portanto, a dica é: procure se restaurar passando algum tempo na natureza. Assim, um passeio em meio a árvores leva a um melhor foco para a retomada de tarefas que exigem concentração do que uma volta a pé pelo centro da cidade.
Faça um teste: onde a natureza está presente na sua rotina atual? Pense onde, como e quando você poderia escapar para recarregar a mente e retornar mais focado?
Agora que tratamos da importância de recarregar a energia mental, quero falar sobre a sua intuição.
Para entender o papel dela, porém, vamos até a indústria do cinema dos EUA da década de 1970. Uma época em que era comum que o diretor de um filme cedesse o controle criativo de sua obra para um grande estúdio de Hollywood.
Nesse período, George Lucas era apenas um jovem cineasta obstinado, mas já tinha sofrido bastante em seu filme de estreia. Em sua primeira experiência, ele se viu obrigado a aceitar edições, cortes e modificações dos chefões do estúdio na produção. Quando teve ideia para um segundo filme, decidiu que iria bancar o projeto sem apoio de estúdios.
Com isso, ele teve que buscar empréstimos em bancos, pois enfrentava problemas financeiros. Mas, confiante em sua aposta, ele persistiu apesar das muitas negativas. Só conseguiu recursos ao bater na porta do décimo banco, onde precisou implorar. Isso ocorreu no último minuto que ele tinha antes que a produção pudesse naufragar.
Se tivesse seguido os conselhos de quem conhecia a indústria do cinema, teria jogado a toalha. Em vez disso, ouviu sua intuição.
Você quer saber o nome desse filme? Um tal de "Guerra nas Estrelas".
Com esta obra, o mundo do cinema nunca mais foi o mesmo. Este exemplo mostra a imensa confiança que Lucas teve nos próprios valores. Trata-se da autoconsciência, uma capacidade de decodificar a voz interior dos demais murmúrios do nosso corpo. No caso do cineasta, isso se traduziu numa bússola interna muito forte, que o guiou de acordo com seus valores e objetivos mais profundos.
Mente por trás de boa parte do sucesso da Apple, Steve Jobs fez um célebre discurso para uma turma de formandos de Stanford, em 2015*. Na ocasião, ele já havia sido diagnosticado com um câncer no pâncreas, que causaria sua morte alguns anos depois.
Mas ali, ele aconselhou o grupo a não deixar que as vozes das opiniões dos outros afogassem as vozes interiores deles. E acrescentou: "e, mais importante, tenham a coragem de seguir seu coração e sua intuição. De alguma forma, eles já sabem o que vocês querem realmente se tornar".
Neste caso, o conselho de Jobs pode ser levado ao pé da letra. Uma voz interior, ou o coração e a intuição, podem, sim, ser ouvidos. Mas, para isso, é necessário confiar nos sinais do nosso corpo.
Existe uma região no cérebro, a ínsula, responsável por mapear a parte interna do nosso corpo por meio de pontos específicos em cada órgão. Ela age como um centro de controle e envia sinais para o coração reduzir seu ritmo ou para o pulmão melhorar a respiração.
Desta forma, é possível afirmar que quanto mais uma pessoa conseguir perceber as batidas do próprio coração, mais perto estará de medir sua autoconsciência. Isso porque a ínsula também sintoniza nossas próprias emoções.
Por isso, quando temos um "sentimento visceral" significa que a ínsula e outros circuitos ascendentes buscam simplificar as decisões da vida ao guiarem nossa atenção na direção de melhores opções. Quanto melhores nos tornamos na leitura dessas mensagens, melhor é a nossa intuição.
Sabe aquela estranha sensação que temos algumas vezes, quando saímos de casa com impressão de que esquecemos de levar alguma coisa importante? E, no meio do caminho,confirmamos a falta de algo?
As sensações do nosso corpo que nos dizem quando uma escolha parece certa ou errada são chamadas de marcadores somáticos. Trata-se de um circuito ascendente que telegrava suas conclusões por meio de nossas intuições. Em geral, muito antes do que os circuitos descendentes cheguem a uma conclusão mais racional.
Faça um teste: o quanto você tem ouvido a sua voz interior, a sua intuição? Reflita se você já tomou alguma decisão relevante com base nela.
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