Escrito por Sulivan França - 02 de Abril de 2014

Eu gosto de pensar nas muitas abordagens diferentes à mudança como "alavancas". Como acontece quando se move uma pedra grande, quanto mais eficazmente posicionarmos as alavancas, maior probabilidade de que consigamos mover a pedra. Algumas abordagens à realização de mudanças funcionam melhor para algumas pessoas do que para outras, e algumas abordagens fazem mais sentido com algumas questões de mudança do que com outras. O segredo para aumentar a probabilidade de que a mudança vai ocorrer é aumentar o número de alavancas utilizadas e o esforço aplicado em cada uma.

Três das alavancas de mudança mais importantes incluem:
(1) tornar a mudança específica para a meta;
(2) criar uma visão clara; e
(3) obter apoio dos outros. (Para uma lista mais completa dessas alavancas, consultar Folkman, 1996.) 

Tornar a mudança específica para a meta. Em geral, quando iniciamos um esforço de mudança, começamos com uma meta geral. Dizemos que vamos "nos tornar um comunicador melhor", "ser mais sensíveis aos outros", "exercer mais liderança", "motivar melhor nossos subordinados diretos" ou (o meu favorito) "nos tornar uma pessoa melhor". Embora todas essas sejam metas desejáveis, elas não possuem especificidade. O problema com as metas gerais é que é difícil dizer se estamos tendo sucesso ou não, ou saber que ações deveríamos tomar em seguida. Para fazer mudanças eficazes, nossas metas devem ser específicas e indicar comportamentos explícitos e mensuráveis. Quando nossas metas são específicas, fica mais fácil para nós e para os outros medir nosso sucesso e determinar se estamos sendo bem-sucedidos ou não.]

Criar uma visão clara. Recentemente levei meu filho de cinco anos pela primeira vez para esquiar. Quando começamos o nosso dia de esqui, eu o ajudei a colocar os esquis e lhe expliquei as coisas básicas. A primeira coisa que você deve aprender é o "limpa-neve", quando você faz um "V" invertido com os esquis, o q eu o ajuda a ir mais devagar e a fazer curvas.

Enquanto explicava o conceito para o meu filho, pude ver um olhar de incógnita em seu rosto. Quando estávamos chegando à estação de esqui naquela manhã, tínhamos visto uma limpa-neve na estrada, mas ele só tinha uma lâmina, inclinada para o lado. A minha explicação não estava funcionando. 

Quando chegamos ao topo da montanha para começar nossa primeira descida, ouvi um instrutor pedir à sua aluna para "fazer uma fatia de pizza".

A aluna rapidamente posicionou seus esquis exatamente da mesma maneira que eu tentara explicar para o meu filho.

Pensei comigo mesmo: "Agora, se há uma coisa que meu filho de cinco anos conhece direitinho é o formato de uma fatia de pizza." Aí pergunta ao meu filho se ele conseguia fazer uma fatia de pizza com os seus esquis. A luz visivelmente brilhou em seus olhos. 
 
Ele respondeu: "É claro, papai. Você quer que eu faça uma fatia grande ou uma fatia pequena?" Uma vez que meu filho tinha em sua mente uma visão clara, ficou muito mais fácil aprender esse novo comportamento. 

É muito comum começarmos nossos esforços de mudança com apenas uma vaga de nossa meta final. Uma visão clara é: 

Um destino. Uma visão deve descrever um lugar para onde queremos ir, e não um lugar que devemos evitar. Devemos ter bem claro não só o que é a visão, mas também o que ela não é. É tão importante descrever para onde nós não vamos quanto para onde queremos ir.

Visual. Devemos ser capazes de imaginar a visão em nossas mentes. A figura normalmente começa como um objeto distante que não é totalmente claro. Mias tarde, quando chegamos mais perto, a visão fica mais clara.

Simples. As visões complexas são difíceis de esclarecer e, freqüentemente, levam as pessoas em múltiplas direções. As visões simples são as mais focadas e as mais motivadoras.

Desafiadora mas realista. A visão precisa ser alcançável.

Coerente com nossa personalidade. As visões que não combinam conosco, que exigem que sejamos algo que não nós mesmos, não têm a energia para nos levar adiante.

Obter apoio dos outros. Persuadir as outras pessoas a apoiarem o seu esforço de mudança é potencialmente uma das alavancas de mudança mais poderosas (embora muitas pessoas poderosas tendam a querer "fazer tudo sozinhas"). 

Obter a ajuda dos outros nos mantém honestos, porque os outros estão observando. Os outros normalmente podem nos ajudar a evitar as armadilhas que causam os problemas. Por exemplo, para as pessoas que têm dificuldade em controlar sua raiva, vários comportamentos facilmente observáveis normalmente precedem a explosão de raiva. Esses comportamentos são freqüentemente discerníveis para os outros, mas não para a pessoa que tem o problema. Ter uma outra pessoa para nos ajudar a reconhecer tais padrões de comportamento é um excelente dispositivo de monitoramento. No final, acabamos aprendendo a nos monitorar.

Entretanto, fazer com que os outros nos ajudem a fazer mudanças normalmente é difícil. Algumas pessoas acreditam que pedir ajuda diminui sua posição ou reputação. Uma pessoa comentou-me: "É como admitir que você tem um problema." Nós às vezes nos enganamos ao acreditar que as outras pessoas não sabem que tem um problema. Embora algumas pessoas possam se surpreender, a maioria delas já sabe que o problema existe. Pedir ajuda permite que os outros nos vejam como autênticos ou ensináveis. Ao iniciar o seu esforço de mudança ou coaching, dedique um tempo para identificar as pessoas que apoiarão esse esforço de mudança.

Marshall Goldsmith em Coaching: o exercício da liderança, editora Campus, 2003.
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